segunda-feira, 11 de maio de 2009

Pareceres - João Siroco

1.º PARECER TÉCNICO

«A pedido da Sociedade de Advogados RBPJ & Associados (R. Formosa, n.º 7, 1.º, 3500-135 Vilar de Brisa do Mar, contribuinte n.º 987.654.321), mandatária de João António Siroco, (R. da Alegria, n.º 10, 3520-678, Concelho de Vilar de Brisa do Mar, contribuinte n.º 19567114), e no âmbito do processo judicial em que este figura como Autor, foram elaborados pela Inspecção Geral dos Sons, Ruídos, Cegonhas e Felicidade em Geral (IGSRCFG) os estudos relativos aos danos ambientais derivados da construção de parques eólicos, nomeadamente no que diga respeito à deterioração da qualidade do ar e ao aumento dos níveis de ruído ambiental que tal construção acarrete, assim como à consequente deterioração da qualidade ambiental (animal e paisagística), cujo relatório final aqui se apresenta.

Assim, recorre-se a estudos recentemente realizados (em Abril de 2007), onde se procedeu à monitorização do ruído ambiental e da respectiva qualidade do ar nas áreas envolventes de parques eólicos em território nacional.


GRÁFICO 1
Qualidade do Ar (Nível de Ruído)


(clicar para aumentar)


Assim, é notório que a existência de um parque eólico em funcionamento é directamente prejudicial à qualidade ambiental das suas áreas próximas; nomeadamente, que a qualidade do ar (em termos sonoros, medida em decibéis) é inversamente proporcional ao grau de actividade de um parque eólico.

A título de esclarecimento, o aumento brusco de decibéis registados no parque eólico de Sines, durante o funcionamento efectivo de entre 16 a 20 torres eólicas, deveu-se cumulativamente ao pavoroso grasnar de uma família de cegonhas que, por não aguentar a barulheira da vizinhança, acabaria mais tarde por se mudar para o Ribatejo.

Por falar em cegonhas:


GRÁFICO 2
Cegonhas

(clicar para aumentar)

Ora, sendo que o nível de ruído médio provocado por um parque eólico se medeia entre os 50 e os 70 decibéis, é notório que a sua presença é incomportável com o desenvolvimento da espécie em causa.
Ademais, a cegonha é, como se sabe, uma ave querida pelas populações:


GRÁFICO 3
Felicidade

(clicar para aumentar)


A Inspecção Geral dos Sons, Ruídos, Cegonhas e Felicidade em Geral concluiu, pois, ser absolutamente atendível a pretensão de quem, como João António Siroco, se oponha à instalação de torres eólicas geradoras de energia eléctrica, por se acarretarem os supramencionados prejuízos ambientais e humanos da emissão de ruído das ventoinhas eólicas e da deterioração da qualidade ambiental (animal e paisagística) envolvente.

Pela IGSRCFG,

Herberto Norberto»



2.º PARECER TÉCNICO

«A propósito do pedido que recebi por parte da Sociedade de Advogados RBPJ & Associados (R. Formosa, n.º 7, 1.º, 3500-135 Vilar de Brisa do Mar, contribuinte n.º 987.654.321), mandatária de João António Siroco, (R. da Alegria, n.º 10, 3520-678, Concelho de Vilar de Brisa do Mar, contribuinte n.º 19567114), e no âmbito do processo judicial em que este figura como Autor, venho, por este meio, e baseando-me nos meus conhecimentos especializados sobre a matéria, apresentar dois estudos sobre o problema da construção de parques eólicos e a sua influência no valor dos terrenos adjacentes.

Estudo n.º 1

O primeiro estudo que venho expor, e que é parte integrante do meu trabalho de investigação intitulado "Do impacto económico dos parques eólicos nas propriedades particulares circundantes”-, consiste numa sondagem a potenciais compradores de imóveis, sobre quais seriam os factores decisivos a pesar na hora de comprar um terreno. Os seus resultados encontram-se registados no gráfico seguinte.

“O que tem mais importância para si na altura de comprar um imóvel?”



(clicar para aumentar)

Analisando este gráfico, podemos rapidamente perceber que quando colocadas perante as cinco hipóteses, 63% das pessoas elege como principal elemento de decisão no momento de compra de um imóvel o facto de não existirem quaisquer centrais de energia eólica no terreno do lado. As áreas (14%), as acessibilidades (8%) e a vista de mar (11%) eram factores minoritários, a par do alto pé direito dos edifícios (4%), assumindo um peso reduzido nas prioridades dos investidores.


Estudo n.º 2

Consubstanciando o gráfico anterior, e na sua sequência, apresento agora um segundo estudo, efectuado igualmente através de uma consulta popular, na qual se inquiria a potenciais compradores de terrenos na zona sobre a sua disposição para investir numa propriedade no Monte dos Vendavais. Tendo sido realizado em dois momentos espaçados no tempo, curiosamente antes e depois da construção do parque eólico no mesmo sítio, os seus resultados são deveras esclarecedores. Mesmo depois de colocada a possibilidade hipotética de existirem coelhinhos no local.

“Compraria um terreno no Monte dos Vendavais?”




(clicar para aumentar)


(clicar para aumentar)



(clicar para aumentar)

De acordo com os gráficos acima apresentados, a compra de um terreno em Monte dos Vendavais era, antes da construção do parque eólico da Sísifo, S.A., uma perspectiva entusiasmante para a quase totalidade das pessoas consultadas. Contudo, a mesma pergunta, após a construção daquele empreendimento, veio a encontrar respostas contundentemente opostas, por parte dos investidores, deixando perceber uma relação directa entre a quebra da procura e a implementação daquele projecto energético. Segundo esta segunda consulta, três em cada quatro pessoas reputavam negativa a compra de um terreno no “novo” Monte dos Vendavais, resultando num decréscimo percentual de 86% para 21% dos inquiridos que viam o mercado imobiliário daquela região com bons olhos.

De notar que, mesmo após a sub-hipótese apresentada, os desejos de compra não se alteraram muito. Apenas 7% dos investidores entrevistados se mostrou sensível a uma eventual existência de coelhinhos no local, passando a ansiar pela aquisição de um pedaço de terra na freguesia. Daqui se pode retirar a extrema relevância dos parques eólicos enquanto elemento dissuasor do mercado imobiliário, mesmo quando postos em contraposição a factores de incentivo significativos.

Na minha humilde opinião de especialista, parece-me bem patente a influência negativa da construção de parques eólicos na procura imobiliária. Tendo presentes as noções básicas da procura e da oferta que orientam qualquer tipo de mercado negocial, facilmente podemos chegar à conclusão de que a construção de uma central de produção de energia eólica afecta drasticamente o valor económico das propriedades circundantes, reduzindo-o, através do corte que opera na sua procura. Assim acontece sempre, assim aconteceu no caso em questão, na ventosa localidade de Monte dos Vendavais.

Adolfo Rocha

(Avaliador Imobiliário